Aldeia da Luz (Capítulo 1) História original para crianças

O sol brilha, o céu espelha umas pequenas gomas marshmallow e o cacarejar do galo Roberto já marca o início da manhã. O senhor Alberto levanta-se e chama o seu filho Miguel, um humilde rapaz de 15 anos que todos os dias acompanhava o seu pai no trabalho da quinta, mesmo antes de começarem as aulas. Alberto era viúvo, a sua mulher faleceu logo após o nascimento do seu filho. Apesar de crescer sem o olhar atento de uma mãe, Miguel era um menino bastante feliz e com uma ligação fortíssima ao seu pai.

No quintal os trabalhos eram vários, desde lavrar a terra a plantar e colher as batatas e os legumes que não podem faltar para uma boa sopa. Perto do terreno passava um pequeno riacho, o sítio preferido de Miguel, que não perdia um dia para relaxar enquanto via o seu reflexo na água tão pura que escorria pelo riacho. Mas não nos esqueçamos dos animais, parte fundamental da quinta. O cavalo Rancho, a vaca Mel, os porcos gémeos Leo e Luca, a ovelha Teodora e claro, o cão Poli chefe da casa e fiel companheiro de Alberto nos últimos seis anos.

Em tempos de crise as dificuldades eram muitas, mas o esforço que ambos faziam para que nada faltasse nem em cima da sua mesa nem ao resto da aldeia era de reconhecer. Diminuíam as idas ao café do senhor João e o bolo de arroz que Miguel comia diariamente passava a ser um prémio semanal. Todos na aldeia se ajudavam uns aos outros e mesmo em tempo de crise o bailarico de sexta feira nunca falhava. Juntavam-se sempre às sete da tarde, os homens à esquerda e as mulheres à direita dançavam alegremente e com muito à vontade. As crianças por incrível que pareça sentavam-se em rodinha a apreciar atentamente a dança e a tentar imitar os mais crescidos. Já os adolescentes eram poucos, alguns até participavam, mas a maioria aproveitava para ir para casa do Senhor Alberto ensaiar para o concurso de canto da aldeia.

Este era um concurso anual, onde competiam os jovens que tivessem o dote para a música. Miguel era um deles, acompanhado pela guitarra do Filipe e pela flauta da Maria cantava que nem um rouxinol ao amanhecer.

E é esta a história do Miguel e de seu pai Alberto e de toda a aldeia que numa correria desgraçada assim passava os anos. Recordações que ficam são muitas e várias histórias ainda estão para vir…

                                                                                                                          Raquel Almeida 

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